terça-feira, 9 de agosto de 2016

A Profecia Celestina - James Redfield



"As coisas que percebemos como belas podem ser diferentes, mas as características verdadeiras que atribuímos aos objetos belos são semelhantes. Pense nisso. Quando alguma coisa nos parece bela, tem mais presença, nitidez de forma e vividez de cor, não? Salta aos olhos. Brilha. Parece quase iridescente em comparação com o tom mortiço de outro objeto menos atraente."

"Era como se eu tivesse visto primeiro as plantas, depois sua singularidade e presença, e depois alguma coisa se houvesse ampliado na pura beleza de sua expressão física, momento em que eu vira os campos de energia."

"Tudo que sabemos é que nos sentimos fracos, e quando controlamos outros nos sentimos melhor. O que não compreendemos é que o preço dessa sensação de se sentir melhor é a outra pessoa. E a energia que roubamos dela. A maioria das pessoas passa a vida numa caça constante à energia de outra."

"— Ei, espera aí — protestei. — Amor é uma coisa que simplesmente acontece. Não posso me forçar a amar uma coisa.
— Você não se força a amar — ele explicou. — Mas deixa que o amor lhe penetre. Mas para fazer isso você tem de pôr a mente em posição, lembrando como era a sensação e tentando senti-la mais uma vez."

"O primeiro passo no processo de esclarecimento para cada um de nós é trazer o nosso drama de controle pessoal à plena consciência. Nada pode prosseguir enquanto não olharmos de fato para nós mesmos e descobrirmos o que estamos fazendo para manipular em busca de energia."

"Não confunda calma com despreocupação. Nossa fisionomia tranquila é uma medida de como estamos bem ligados na energia. Nos mantemos ligados porque é o melhor que temos a fazer, apesar das circunstâncias."

"Lembre-se de parar quantas vezes for preciso para se religar em sua energia. Permaneça cheio permaneça em estado de amor. Não esqueça que uma vez atingido este estado de amor, nada nem ninguém pode retirar mais energia de você do que a que você pode recuperar. Na verdade a energia que flui de você cria uma corrente que puxa energia para dentro de você na mesma proporção. Você não pode ficar vazio. Deve estar consciente deste processo para que ele funcione. Isso é sobretudo importante quando você interage com as pessoas."

"Os sonhos nos orientam, também os pensamentos e devaneios. A sétima visão diz que temos mais pensamentos como este do que podemos perceber. Para reconhece-los temos que nos colocar numa posição de observador. Quando vêm um pensamento devemos perguntar: por quê? Porque esse pensamento determinado veio agora? Qual a relação que ele tem com as questões da minha vida? A adoção dessa posição de observador nos ajuda a nos livrar de nossa necessidade de controlar tudo. Nos põe na corrente evolutiva."
As imagens de medo devem ser detidas assim que aparecem. Então outra imagem, uma de bom resultado, deve ser imposta pela vontade ao pensamento. Em breve, as negativas quase não ocorrerão mais. Suas intuições serão sobre coisas positivas.

“- Eu sei, é difícil para mim fazer fluir o amor numa situação como esta.
- Mas não fazer isso, é se prejudicar!...é pelo amor que mantemos nossa vibração alta, ele nos mantem saudáveis.”

"Diz apenas que somos membros do mesmo grupo mental que certas outras pessoas. Os grupos mentais em geral evoluem na mesma linha de interesse. Pensam igual e isso cria a mesma expressão e experiência externa. Reconhecemos intuitivamente os membros do nosso grupo mental, e com muita
freqüência eles nos trazem mensagens. — Ponha isso na cabeça. Todo mundo que cruza nosso caminho tem uma mensagem para nós. Do contrário, teriam seguido por outro caminho, ou saído antes eu depois. O fato de essas pessoas estarem aqui significa que estão aqui por algum
motivo."

" Algumas pessoas se inflamam quando estão em grupo. Sentem a força de
uma ideia e a manifestam, e então, como esse ímpeto de energia é muito gostoso,
continuam falando, muito tempo depois que o surto de energia já devia ter passado
para outra. Tentam monopolizar o grupo.
Outras são contidas, e mesmo quando sentem a força de uma ideia, não se
arriscam a dizê-la. Quando isso ocorre, o grupo se fragmenta e os membros não se
aproveitam de todas as mensagens. O mesmo acontece quando alguns membros do
grupo não são aceitos por alguns dos outros. Os indivíduos rejeitados são impedidos
de receber a energia, e assim os grupos perdem o proveito de suas idéias."

"Permanecer nessa corrente mágica era a verdadeira felicidade."

"Quanto mais beleza vemos, mais evoluímos. Quanto mais evoluímos, mais alto
vibramos."

sexta-feira, 22 de julho de 2016

As Vinhas da Ira

AS VINHAS DA IRA
JOHN STEINBECK



Tenho a vocação de guiar o povo, mas não sei para onde o guiar.

-Sim, tudo isso é muito estranho -ponderou o rendeiro. -Mas, se um homem possui uma pequena propriedade, essa propriedade é parte dele, é semelhante a ele. Se ele possui uma propriedade assim, pode andar sobre ela, tratar dela e ficar triste quando ela não produz e sentir-se alegre quando a chuva a rega; essa propriedade é ele, é parte dele, é semelhante a ele. Mesmo que não seja bem sucedido, ele sente-se grande com a sua propriedade     isto.

-Deixe-me pensar-disse o rendeiro.-Todos nós temos de pensar. Talvez haja maneira de evitar isto. Não pode ser como o relâmpago e o terramoto. Se os homens fizerem uma coisa má, haverá, por Deus, alguma coisa que se possa alterar.

-Compreendo muito bem-respondeu Casy. -Compreendo muito bem. O Muley teve qualquer ideia. Mas nem ele a pode explicar nem eu posso percebê-la.

-Não, você fez bem em falar. Às vezes, um homem que está triste deita com a conversa a tristeza pela boca fora. Ás vezes, um homem que se encontra a pontos de matar, deita com o falar, o assassínio pela boca fora e já não mata. Você fez bem. Não mate ninguém se o puder evitar.

- Não é assim tão mau como isso - explicou Joad. - É como todas as outras prisões. É inferno para quem provoca o inferno. 

E, corno, quando algo de alegre ou de agradável se lhes deparava, eles olhavam primeiro para ela, a fim de ver se ela se mostrava alegre, a mãe habituara-se a extrair alegria das coisas menos alegres. Melhor que a alegria, era porém a calma que ela demonstrava. Sabia mostrar-se imperturbável. E, dessa sua posição simultâncamente grande e humilde, extraíra não só dignidade como uma calma superior, Da sua posição de médica de almas, haurira segurança, tranquilidade e domínio de gestos; pela sua posição de árbitro, tornara-se distante e impecável como uma deusa. Parecia saber que dependia dela o edifício da família; e que, se ela se mostrasse verdadeiramente perturbada ou dominada pelo desespero, todo esse edifício se desmoronaria ao menor sopro de ventos adversos.

-Vejam o olhar dele-disse a mãe.-Parece inspirado. Tem um olhar que, como se diz, atravessa tudo. 

Vou trabalhar nos campos, nos campos verdes e ficar mais perto de toda a gente. Não vou tentar ensinar-lhes nada. Eu é que vou tratar de aprender. Vou saber porque é que os homens andam pelos campos, vou ouvi-los falar e cantar. Vou observar as crianças a comerem papas e os homens e as mulheres moerem os colchões à noite. Vou comer com eles e aprender com eles.-Os seus olhos tornaram-se húmidos e brilhantes.-Vou deitar-me na relva, aberta e honestamente, com quem me queira. Vou,gritar e praguejar à vontade e vou ouvir as canções populares. E isto que é sagrado, isto tudo que eu não pude até agora compreender. Isto é que está certo e bem feito.

Pregar é fazer bem às pessoas, mesmo quando as pessoas se sentern capazes de matar quem lhes faz o sermão.

-A questão não é saber se podemos; a questão é saber se queremos-disse com firmeza. -Quanto a poder, acho que não podemos nem ir para a Calífórnia nem para outro lado qualquer. Mas, quanto a querer, a gente, querendo, faz o que pode. 

Pode-se cozinhar coisas pequenas em vasilhas grandes, mas não se pode cozinhar coisas grandes em vasilhas pequenas. 

Os homens em êxodo, fugindo do terror que campeava atrás deles, sofreram coisas estranhas, algumas ruelmente amargas, é certo, mas outras tão belas que a fé se lhes reanimou para sempre.

Seria o mesmo que viver muitas vidas ao mesmo tempo. Há mil vidas que nós poderíamos viver, quando chega o momento de escolhermos uma, apenas. 

"Tudo o que vive é sagrado.". 
Porque o homem, ao contrário de qualquer coisa orgânica ou inorgânica do universo, cresce para além do seu trabalho, galga os degraus das suas próprias ideias, emerge acima das próprias realizações. 

receiem a hora em que o homem não queira sofrer mais e morrer por um ideal, pois que esta é a qualidade base da Humanidade, é o que a distingue entre todas as coisas do Universo.

A terra pareceu-lhes demasiada na sua imensidão e tiveram de optar por uma nova maneira de viver; a estrada passou a ser o seu lar e o movimento o seu meio de expressão. 

Uma pessoa que sabe o que quer pode dominar unia porção de gente. 


Todas as noites, um mundo surgia: amizades se cimentavam; inimizades se criavam; uni mundo completo, com gabarolas e covardes, com gente silenciosa, com gente sossegada, gente humilde e gente bondosa. Todas as noites se entabulavam relações, relações que modelavam um mundo, e todas as manhãs esses mundos se desfaziam como circos ambulantes.

-Se ele precisa de um milhão de acres para se sentir rico, parlece-me a mim que é porque se sente pobre lá por dentro e se ele $C sente pobre por dentro, não é um milhão de acres que o vai fazer sentir-se rico e talvez se sinta desapontado por nada lhe dar a impressão de ser fico, 

-Não   sei o que hei-de dizer. Ela cerrou os olhos por um instante e logo tornou a abri-los. -Então diga-a para si mesmo. Não é preciso dizê-la em voz alta. Assim mesmo serve.

-Eu já não tenho Deus. -Tem, sim, eu sei que tem. Não importa o senhor saber ou não  o que Ele é, mas tem.

- Não é preciso muita coragem quando se não pode fazer outra coisa. 

-Bem-disse Casy-todos acharam que foi um descuido, mas, se você pensa que foi um pecado, então é porque foi um pecado. O pecado é uma coisa que a gente mesmo cria.


Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. 

Está provado que nada é inútil, mesmo que o pareça."

Eu estarei em qualquer sítio, na escuridão. Estarei em toda a parte, em qualquer sítio para onde a senhora se puser a olhar. Onde quer que   *se lute para que a gente com fome possa comer... eu estarei presente. Onde quer que a polícia esteja a bater num tipo, eu estarei presente. Imagine se o Casy soubesse disto! Estarei onde quer que se vejam criaturas a gritar de raiva... e estarei onde as crianças sorriam porque têm fome mas saibam que a ceia não tarda. E quando a nossa gente comer aquilo que plantar e morar nas casas que construir... então também eu estarei presente. Está a ver? Olhe que já vou falando como o Casy. Isto é de pensar nele tantas vezes. Há ocasiões em que até me parece que o estou a ver.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER

OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER
Johann Wolgang Goethe

Que este pequeno livro te seja um amigo, se a sorte ou a
tua própria culpa não permitem que encontres outro mais à mão!

que é então o coração humano? Apartar-me de
você, que tanto estimo, você, de quem eu era inseparável, e andar contente!

Quero fruir o presente e considerar o passado como passado.

os homens sofreriam menos se não se aplicassem tanto  a invocar os males idos e
vividos, em vez de esforçar-se por tornar suportável um presente medíocre.

Cada árvore, cada sebe forma um tufo de flores, e a gente tem vontade de transformar-se em abelha
para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o único alimento.

Minha alma inunda-se de uma serenidade maravilhosa, harmonizando-se com a das doces manhãs
primaveris que procuro fruir com todas as minhas forças.

Bem sei que não somos, nem podemos ser todos iguais; sustento, porém, que aquele que julga
necessário, para se fazer respeitar, distanciar-se do que nós chamamos povo é tão digno de lástima
como o covarde que se esconde a aproximação do inimigo, de medo de ser vencido.

Se você me perguntar como e a gente daqui, serei forçado a responder: "A mesma de toda parte".
Como a espécie humana é uniforme! A maioria sofre durante quase todo o seu tempo, apenas para
poder viver, e os Poucos lazeres que lhe restam são de tal modo cheios de preocupações, que ela
procura todos os meios de aliviá-las. Oh, destino do homem!

Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo!
Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando,
prossigo na minha viagem através do mundo.

Dir-se-ia que a dança existe somente para
ela e que ela não pensa e não existe senão para dançar, porque, nesse momento, a seus olhos tudo o
mais é como se não existisse.

E é assim que o homem de índole mais inquieta acaba por aspirar ao retorno à sua pátria,
encontrando em sua cabana, no regaço da esposa, entre os filhos e no trabalho para sustentá-los, a
felicidade que em vão procurou na terra inteira.

Ora, nada me aborrece mais do que ver as pessoas se atormentarem umas às outras; e
sobretudo os jovens, em plena primavera da vida, quando o coração podia desabrochar a todas as
alegrias, estragarem reciprocamente os seus melhores dias, para reconhecerem mais tarde que
esbanjaram bens que nunca mais serão recuperados.

- Ali! se disséssemos a nós mesmos, cada dia: "Tu só podes fazer uma coisa àqueles a quem amas:
deixar-lhes as alegrias que possuem e aumentar a sua felicidade participando dessas mesmas
alegrias!

encontra alguém para o qual a impele um sentimento desconhecido e poderoso. É para esse
alguém que se voltam todas as suas esperanças; ela esquece o mundo e não ouve, não ve, não sente
senão esse alguém; só Ele existe para ela, só a Ele deseja.

0 homem é sempre o homem; a parcela de inteligencia que possa ter
raras vezes conta, ou não pode ser admitida em absoluto, desde que suas paixões se desencadeiem
e Ele se veja acuado nos extremos da sua humanidade.

A coisa mais certa deste mundo é que o afeto, somente, torna o homem necessário.

Isto me convence de que um
autor estraga a sua obra, revendo-a e corrigindo-a para uma segunda edição, pois ela nada ganha
quanto ao conteudo poético. A primeira impressão nos encontra em estado passivo, a tal ponto que
o homem pode aceitar as coisas mais inverossímeis; e, como se fixam fortemente no seu espírito, ai
daqueles que depois pretendam apagá-las ou arrancá-las!

Por que é que aquilo que faz a felicidade do homem acaba sendo, igualmente, a fonte de suas
desgraças?

De algum modo, era como se eu me tornasse um Deus pela plenitude de emoção que transbordava de mim, e as magníficas imagens do mundo infinito, agitando-se em minha alma, enchiam-na de uma vida
nova. Via-me cercado de montanhas gigantescas; diante de mim abriam-se abismos onde se
precipitavam as torrentes formadas pelas chuvas das ,tempestades. Embaixo, os rios rolavam suas
ondas impetuosas, as florestas e as montanhas estremeciam. Eu via todas as forças insondáveis da
natureza agir umas sobre as outras, e juntas se fecundarem na profundeza da terra; via espécies
diversas de criaturas pulular sobre a terra e sob os céus.

Pobre homem insensato, que julgas
todas as coisas pequenas, por que és, também, tão pequeno?

 para sentir, um só momento, fraco e limitado como me sinto, correr em minhas veias uma
gota da felicidade proporcionada pelo ser que produz todas as coisas em si e por si mesmo.


 Tudo nos falta quando estamos em falta conosco mesmos!

Tudo quanto se acha fora de nós parece mais belo, e todos os homens mais perfeitos
do que nós. E isto é natural porque sentimos demasiado as nossas imperfeições e os outros sempre
parecem possuir precisamente aquilo que nos falta. Em consequencia, nós lhes acrescentamos tudo
quanto está em nós mesmos e, para coroar a obra, concedernos-lhes também certa facilidade
miraculosa que exclui toda idéia de esforço. E eis esse bem-aventurado mortal convertido num
conjunto de perfeições por nós mesmos criadas.

É verdade que o caminho seria mais curto e mais comodo se não fosse a montanha; mas
a montanha existe e é preciso seguir viagem!

. Não há tesouro comparável à paz de espírito e a estar a gente
satisfeito consigo próprio!

Transpus a entrada da vila e encontrei-me comigo mesmo.

De que me
serve poder dizer hoje, com todos os colegiais, que a terra é redonda? Para ser feliz, poucas
palavras bastam ao homem, menor numero ainda é preciso para que Ele encontre repouso.

Ali! o que eu sei, todos podem saber; meu coração, porem, só eu, mais
ninguém pode possuí-lo.

Sim, nada mais sou do que um viajante, um peregrino sobre a terra! E você é alguma coisa mais do
que isso?

Rio-me do meu coração ... e só faço o que Ele quer.

Sim, é isso mesmo! Assim como a natureza se inclina para o outono, também o outono vive dentro
de mim e em torno de mim. As folhas da minha alma vão amarelecendo, enquanto as folhas das
árvores vizinhas tombam.

Que vazio horrível sinto em meu peito! Quantas vezes digo a mim mesmo: "Se você
pudesse uma vez, ao menos uma vez, apertá-la contra o coração, esse vazio seria preenchido".

Ah! o que trago em mim de amor, - alegria, calor e embriaguez só de mim
depende, não me poderá ser dado por outrem; e, o coração transbordando de felicidade, não
poderei fazer feliz esse outrem, se Ele permanece frio e sem força diante de mim.

Tenho-a toda em mim, e o sentimento que experimento por ela absorve tudo. Tenho-a toda em
mim, e sem ela tudo é para mim como se não existisse.



sexta-feira, 10 de junho de 2016

A Montanha Mágica - Thomas Mann



 Dois dias de viagem apartam um homem e especialmente um jovem que ainda não criou raízes firmes na vida do seu mundo cotidiano, de tudo quanto ele costuma chamar seus deveres, interesses, cuidados e projetos; apartam-no muito mais do que esse jovem imaginava, enquanto um fiacre o levava à estação. 

O espaço que, girando e fugindo, se roja de permeio entre ele e seu lugar de origem, revela forças que geralmente se julgam privilégio do tempo; produz de hora em hora novas metamorfoses íntimas, muito parecidas com aquelas que o tempo origina, mas em certo sentido mais intensas ainda. Tal qual o tempo, o espaço gera o olvido; porém o faz, desligando o indivíduo das suas relações e pondo-o num estado livre, primitivo; chega até mesmo a transformar, num só golpe, um pedante ou um burguesote numa espécie de vagabundo. Dizem que o tempo é como o rio Letes; mas também o ar de paragens longínquas representa uma poção semelhante, e seu efeito, conquanto menos radical, não deixa de ser mais rápido.

Reinava na natureza aquele estado de transição, descolorido, melancólico, desprovido de vida, que precede imediatamente o anoitecer definitivo. 

como se quisesse dar a entender que no contato com ele todo acanhamento era supérfluo e somente deveria reinar a mais risonha confiança. 

Para um homem se dispor a empreender uma obra que ultrapassa a medida das absolutas necessidades, sem que a época saiba uma resposta satisfatória à pergunta “Para quê?”, é indispensável ou um isolamento moral e uma independência, como raras vezes se encontram e têm um quê heróico, ou então uma vitalidade muito robusta. 

A maioria mostrava-se alegre, provavelmente sem motivo particular, apenas por não terem preocupações imediatas e estarem reunidos num grupo numeroso. 

-meu Deus – disse enfim – eles estão tão livres... quero diz é gente moça, e o tempo não significa nada para eles. E quem sabe se não vão morrer! Para que então ficar com a cara triste? Às vezes vem a idéia de que essa coisa da doença e da morte no fundo não séria; é antes uma espécie de relaxamento. A seriedade existe somente na vida lá de baixo. Creio que você também compreenderá isso, quando estiver mais tempo aqui em cima.


e quando a gente tem interesse por alguma coisa, não tarda compreendê-la, não é?... Mas, que se passa comigo? 

-meu vício? Não diga isso, Sr. Settembrini.
– Por que não? É preciso chamar as coisas pelos seus nomes verdadeiros, e fazê-lo energicamente. Isto fortifica e eleva a vida. Também eu tenho vícios.

Com efeito, “sempre alegre”, se bem que às vezes de uma alegria meio forçada. 

Todo caminho que trilhamos pela primeira vez é muito mais longo do que o mesmo caminho quando já o conhecemos.

– Por que não julga? É para esse fim que a natureza lhe deu os olhos e o cérebro. 

– Pois é, quando se presta atenção ao tempo, ele passa muito devagar.

Culti¬vava seu jardim, ... e tudo quanto dizia era belo e sadio. 

Um jovem de talento não é uma folha em branco, senão uma folha sobre a qual tudo já foi escrito, com tinta simpática, por assim dizer, tudo, tanto o bem como o mal, e cumpre ao educador desenvolver decididamen¬te o bem e apagar, mediante uma influência adequada, o mal que deseja manifestar-se... 

Eu não quis perguntar, para não mostrar a minha ignorância. 

Crê-se em geral que a novidade e o caráter interessante do conteúdo “fazem passar” o tempo, quer dizer, abreviam-no, ao passo que a monotonia e a vacuidade lhe estorvam e retardam o fluxo. Isto não é verdade, senão com certas res¬trições. Pode ser que a vacuidade e a monotonia alarguem e tornem “tediosos” o momento e a hora; porém, as grandes quantidades de tempo são por elas abreviadas e aceleradas, a ponto de se tornarem um quase nada. Um conteúdo rico e interessante é, por outro lado, capaz de abreviar a hora e até mesmo o dia; mas, considerado sob o ponto de vista do conjunto, confere amplitude, peso e solidez ao curso do tem¬po, de maneira que os anos ricos em acontecimentos passam muito mais devagar do que aqueles outros, pobres, vazios, leves, que são varridos pelo vento e se vão voando. O que se chama tédio é, portanto, na realidade, antes uma brevidade mórbida do tempo, provocada pela monotonia: em casos de igualdade contínua, os grandes lapsos de tempo chegam a encolher-se a tal ponto, que causam ao coração um susto mortal; quando um dia é como todos, todos são como um só; passada numa uniformidade perfeita, a mais longa vida seria sentida como brevíssima e decorreria num abrir e fe¬char de olhos. O hábito representa a modorra, ou ao menos o enfraquecimento, do senso de tempo, e o fato de os anos de infância serem vividos mais vagarosamente, ao passo que a vida posterior se desenrola e foge cada vez mais depressa – esse fato também se baseia no hábito. Sabemos perfeita-mente que a intercalação de mudanças de hábitos, ou de hábitos novos, constitui o único meio para manter a nossa vida, para refrescar a nossa sensação de tempo, para obter um rejuvenescimento, um reforço, um retardamento da nos¬sa experiência do tempo, e com isso, a renovação da nossa sensação de vida em geral. Tal é a finalidade da mudança de lugar e de clima, da viagem de recreio, e nisso reside o que há de salutar na variação e no episódico. Os primeiros dias num ambiente novo têm um curso juvenil, quer dizer, vigoroso e amplo. Isto se aplica a uns seis ou oito dias. Depois, na medida em que a pessoa se “aclimata”, começa a sentir uma progressiva abreviação: quem se apega à vida, ou melhor, quem gostaria de fazê-lo, talvez note com horror como os dias voltam a tornar-se leves e começam a deslizar voando; e a última semana – de quatro, por exemplo – é de uma rapidez e fugacidade inquietante. Verdade é que a vitalização do nosso senso de tempo produz efeitos além do interlúdio, fazendo-se valer ainda quando a pessoa já voltou à rotina; os primeiros dias que passamos em casa, depois da variação, se nos afiguram também novos, amplos e juvenis; mas esses são somente uns poucos, já que a gente se reacostuma mais rapidamente à rotina do que à sua sus¬pensão. E o senso de tempo de quem já está fatigado, em virtude da idade, ou nunca o possuiu desenvolvido em alto grau – o que é sinal de pouca força vital –, volta a ador¬mecer muito depressa, e já ao cabo de vinte e quatro horas é como se tal pessoa jamais se tivesse afastado do seu am¬biente habitual, e a viagem não passasse do sonho de uma noite.

A música desperta o tempo; desperta a nós, para tirarmos do tempo um gozo mais refinado; desperta... e portanto é moral. A arte é moral na medida em que desperta. 

pois a potência do amor não se deixava reprimir nem violentar, o amor oprimido não estava morto, não; vivia, continuava, nas trevas, no mais profundo segredo, a almejar a sua realização, rompia o círculo mágico da castidade e ressurgia, ainda que sob forma metamorfoseada, dificílima de reconhecer... E qual era, afinal, a forma e a máscara que usava o amor vedado e oprimido na sua reaparição?

O sintoma da doença nada é senão a manifestação disfarçada da potência do amor; e toda doença é apenas amor transformado.

A técnica – expôs Settembrini – subjugava cada vez mais a natureza, pelas comunicações que criava, pelas redes de estradas e telégrafos que construía, e pelas vitórias que conquistava sobre as diferenças de clima; dessa forma apresentava-se como o meio mais seguro para aproximar os povos, para favorecer o contato entre eles, para levá-los a acordos humanos, para destruir os preconceitos existentes, e, finalmente, para estabelecer a união universal. A raça humana tinha a sua origem na escuridão, no medo e no ódio, mas avançava e subia por um caminho brilhante, rumo a um estado terminal de simpatia, luminosidade íntima, bondade e felicidade. O veículo mais apropriado para transpor esse caminho era a técnica, declarou Settembrini. 

Devia ter ido um pouco mais longe e dizer que um belo estilo conduz a belas ações. Pois escrever bem já era quase pensar bem, e daí a agir bem não havia muita distância. 

A existência é mais divertida a dois

Eu mesmo deveria, talvez, formar com mais freqüência uma opinião própria, em vez de aceitar as coisas como se apresentam. 

Tiraremos uma vista bonita do seu interior; o senhor gostará de espiar para dentro da sua própria pessoa. 
A calma é o primeiro dever do cidadão, e a impaciência apenas o prejudica. 

Manifestam pouca cultura os viajantes que zombam dos costumes e dos conceitos dos povos que os acolhem; há muitos tipos de qualidades suscetíveis de conferir honra a quem as possui. 

comme un rêve singulièrement profond, car il faut dormir très profondément pour rêver comme cela... Je veux dire: c’est un rêve bien connu, rêvé de tout temps, long, éternel, oui, être assis près de toi comme à présent, voilà l’éternité.
– Oh! L’amour n'est rien, s’il n’est pas de la folie, une chose insensée, défendue et une aventure dans le mal. Autrement c’est une banalité agréable, bonne pour en faire de petites chansons paisibles dans les plaines.

– je t’ai aimée de tout temps, car tu es le Toi de ma vie, mon rêve, mon sort, mon éternel désir... (- Eu te amei o tempo todo, porque és tu a minha vida, meu sonho, meu destino, meu desejo eterno ...)

Que é o tempo? Um mistério: é imaterial e – onipotente. É uma condição do mundo exterior; é um movimento ligado e mesclado à existência dos corpos no espaço e à sua marcha. Mas deixaria de haver tempo se não houvesse movimento? Não haveria movimento sem o tempo? É inútil perguntar. É o tempo uma função do espaço? Ou vice-versa? Ou são ambos idênticos? Não adianta prosseguir perguntando. O tempo é ativo, tem caráter verbal, “traz consigo”. Que é que traz consigo? A transformação. O Agora não é o Então; o Aqui é diferente do Ali; pois entre ambos se intercala o movimento. Mas, visto ser circular e fechar-se sobre si mesmo o movimento pelo. qual se mede o tempo, trata-se de um movimento e de uma transformação que quase poderiam ser qualificados de repouso e de imobilidade: o Então repete-se constantemente no Agora, e o Ali repete-se no Aqui. Como, por outro lado, nem sequer os mais desesperados esforços nos podem fazer imaginar um tempo finito ou um espaço limitado, decidimo-nos a configurar eternos e infinitos o tempo e o espaço, evidentemente na esperança de obter dessa forma um resultado, senão perfeito, ao menos melhor. Ora, estabelecer o postulado do eterno e do infinito não significa, porventura, o aniquilamento lógico e matemático de tudo quanto é limitado e finito, e a sua redução aproximada a zero? É possível uma sucessão no eterno ou uma justaposição no infinito? São compatíveis com as hipóteses de emergência do eterno e do infinito, conceitos como os da distância, do movimento, da transformação, ou a simples existência de corpos limitados no Universo? Quantas perguntas improfícuas!

 E eles punham óculos de cor, verdes, amarelos, vermelhos, para poupar os olhos, mas sobretudo para proteger o coração.


E uma espécie de comoção apoderou-se dele, uma singela e devota simpatia por esse seu coração, o coração palpitante do homem, que pulsava, nesse ermo glacial, tão sozinho com seus problemas e seus enigmas.

Olhou o relógio de ouro, com tampa de mola e monograma, que, nessa solidão desolada, continuava a tiquetaquear, viva e lentamente, semelhante ao seu coração, o comovente coração humano a pulsar no calor orgânico do tórax...

É isso o que tanto me comove e faz com que me apaixone por eles: o espírito e a mentalidade que formam a base do seu ser e lhes determinam a união e a convivência!”
 Sou tentado a dizer que não extraímos os sonhos unicamente da nossa própria alma. Sonhamos anônima e coletivamente, embora de forma individual. A grande alma, da qual tu não és mais do que uma partícula, talvez sonhe às vezes através de ti, à tua maneira. Sonha com coisas que sempre lhe enchem os sonhos secretos: sua juventude, sua esperança, sua felicidade e sua paz, e também a sua ceia sangrenta. 

Com efeito, a nossa morte é assunto dos sobreviventes, mais do que de nós próprios. 

Em seguida se ergueu e chorou, deixando correr sobre as faces lágrimas como aquelas que tanto haviam ardido no rosto do oficial da marinha inglesa; esse líquido claro, que jorra neste mundo a toda hora e em toda parte, com tanta abundância e com tanta amargura que os poetas deram o seu nome ao “vale” terreno; esse produto alcalino e salgado das glândulas que o abalo dos nervos, causado por uma dor penetrante, arranca ao nosso corpo, e que, como Hans Castorp sabia, continha além disso traços de mucina e de albumina.



Será que ele me fez algum mal intencionalmente? Ofensas devem ser feitas de propósito, do contrário não são ofensas. 







segunda-feira, 16 de maio de 2016

Todo Dia - David Levithan


— Só quero que tudo fique bem.
Concordo com a cabeça. Se tem uma coisa que aprendi, é isso: todos nós queremos que tudo fique bem. Nem mesmo desejamos que as coisas sejam fantásticas, maravilhosas ou extraordinárias. Satisfeitos, aceitamos o bem, porque, na maior parte do tempo, bem é o suficiente.

O passado não me ofusca, nem o futuro me motiva. Concentro-me no presente, porque é nele que estou destinado a viver.

Simples e complicado, como a maior parte das coisas verdadeiras.

Observamos as árvores, o céu, as placas, a estrada. Sentimos um ao outro. O mundo, nesse exato instante, consiste em apenas nós dois.
Continuamos a cantar. E cantamos com o mesmo abandono, sem nos preocuparmos muito se nossas vozes atingem as notas ou as palavras certas. Trocamos olhares enquanto cantamos; não são dois solos, é um dueto que não se leva muito a sério. É uma forma própria de conversa. Você pode aprender muito sobre as pessoas a partir das histórias que contam, mas também pode conhecê-las pelo modo como cantam, não importando se gostam de janelas levantadas ou abaixadas, se vivem de acordo com o mapa ou se perdem-se pelo mundo, ou se sentem a atração do mar.

Eles não têm silêncios juntos; têm ruídos.

Que história é essa sobre o instante em que você se apaixona? Como uma medida tão pequena de tempo pode conter algo tão grande? De repente, percebo por que as pessoas acreditam em déjà vu, por que acreditam em vidas passadas; porque não há meio de fazer com que os anos que passei na Terra sejam capazes de resumir o que estou sentindo. O momento em que você se apaixona parece carregar séculos, gerações atrás de si — tudo isso se reorganizando para que essa interseção precisa e incomum possa acontecer. Em seu coração, em seus ossos, por mais bobo que saiba que é, você sente que tudo levou a isso, que todas as flechas secretas estavam apontando para este lugar, que o universo e o próprio tempo construíram isso muito tempo atrás, e agora você acaba de perceber que chegou ao local onde sempre deveria ter estado.

É isso que o amor faz: que você queira reescrever o mundo. Que você queira escolher os
personagens, construir o cenário, dirigir o roteiro. A pessoa que você ama senta de frente para você, e você quer fazer tudo que estiver ao alcance para tornar isso possível, infinitamente possível. E quando são apenas vocês dois a sós numa sala, você pode fingir que é assim que as coisas são, que é assim que serão.

Sempre haverá mais perguntas. Toda resposta leva a mais perguntas.

O único meio de sobreviver é abrindo mão de algumas.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Vidas Secas - Graciliano Ramos


Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.
Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, a toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hospede. Sim senhor, hospede que demorava demais, tomava amizade a casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.

Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha.
- Esta ai.
Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais, e nunca ficaria satisfeito.

Seu Tomas da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia.  Esquisitice um homem remediado ser cortes. Ate o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele.

Não queria morrer. Ainda tencionava correr mundo, ver terras, conhecer gente importante (...). Era uma sorte ruim, mas desejava brigar com ela, sentir-se com forca para brigar com ela e vence-la.

Havia muitas coisas. Ele não podia explica-las, mas havia.

Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família.

Mas iam vivendo, na graça de Deus, o patrão
confiava neles - e eram quase felizes. Só faltava uma cama.

Aquele homem era assim mesmo, tinha o coração perto da
goela.

único vivente que o compreendia era a mulher. Nem
precisava falar : bastavam os gestos.

Recordou-se de lutas antigas, em danças com fêmea e cachaça.
Uma vez, de lambedeira em punho, espalhara a negrada. Ai
Sinha Vitoria começara a gostar dele. Sempre fora reimoso.
Iria esfriando com a idade? Quantos anos teria? Ignorava, mas
certamente envelhecia e fraquejava. Se possuísse espelhos,
veria rugas e cabelos brancos. Arruinado, um caco. Não

sentira a transformação, mas estava-se acabando.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Cidades de Papel



— Você sabia que na maior parte de toda a história da humanidade a
expectativa média de vida foi inferior a trinta anos? Você podia contar com mais
ou menos uns dez anos de vida adulta, certo? Não havia planos de
aposentadoria. Não havia planos de carreira. Não havia planos. Não havia tempo
para planejar. Não havia tempo para o futuro. Mas aí a expectativa de vida
começou a aumentar, e as pessoas começaram a ter mais e mais futuro e a passar
mais tempo pensando nele. No futuro. E agora a vida se tornou o futuro. Todos
os momentos da vida são vividos no futuro: você frequenta a escola para entrar
na faculdade para arrumar um bom emprego para comprar uma casa legal e
mandar os filhos para a faculdade para que eles consigam arrumar um bom
emprego para comprar uma casa legal para mandar os filhos para a faculdade.


Quando você fala
coisas ruins das pessoas, nunca deve dizer a verdade, porque depois você não pode
negar tudo, entende? Quer dizer, ou você faz luzes, ou você faz mechas. Mas não
se pinta uma faixa de gambá no cabelo.
* * *

— Uma dica: você fica bonitinho quando está seguro de si. E menos quando
não está.

Sabe qual é seu problema, Quentin? Você espera que as
pessoas não sejam elas mesmas. Quer dizer, eu podia odiar você por ser tão pouco
pontual e por nunca se interessar por nada que não seja Margo Roth Spiegelman
e por, tipo, nunca me perguntar como estão indo as coisas com minha
namorada… Mas eu não ligo, cara, porque você é você. Meus pais têm uma
tonelada de porcaria de Papais Noéis pretos, mas tudo bem. São meus pais. Eu
sou totalmente obcecado por uma enciclopédia on-line e por isso deixo de atender
o telefone quando meus amigos ligam, ou mesmo minha namorada. Tudo bem
também. Eu sou assim. Você gosta de mim do jeito que eu sou. E eu de você. Você
é engraçado, inteligente e pode até chegar atrasado, mas sempre chega.

— Você não está preocupada com o… para sempre?
— O para sempre é composto de agoras