terça-feira, 3 de maio de 2016

Cidades de Papel



— Você sabia que na maior parte de toda a história da humanidade a
expectativa média de vida foi inferior a trinta anos? Você podia contar com mais
ou menos uns dez anos de vida adulta, certo? Não havia planos de
aposentadoria. Não havia planos de carreira. Não havia planos. Não havia tempo
para planejar. Não havia tempo para o futuro. Mas aí a expectativa de vida
começou a aumentar, e as pessoas começaram a ter mais e mais futuro e a passar
mais tempo pensando nele. No futuro. E agora a vida se tornou o futuro. Todos
os momentos da vida são vividos no futuro: você frequenta a escola para entrar
na faculdade para arrumar um bom emprego para comprar uma casa legal e
mandar os filhos para a faculdade para que eles consigam arrumar um bom
emprego para comprar uma casa legal para mandar os filhos para a faculdade.


Quando você fala
coisas ruins das pessoas, nunca deve dizer a verdade, porque depois você não pode
negar tudo, entende? Quer dizer, ou você faz luzes, ou você faz mechas. Mas não
se pinta uma faixa de gambá no cabelo.
* * *

— Uma dica: você fica bonitinho quando está seguro de si. E menos quando
não está.

Sabe qual é seu problema, Quentin? Você espera que as
pessoas não sejam elas mesmas. Quer dizer, eu podia odiar você por ser tão pouco
pontual e por nunca se interessar por nada que não seja Margo Roth Spiegelman
e por, tipo, nunca me perguntar como estão indo as coisas com minha
namorada… Mas eu não ligo, cara, porque você é você. Meus pais têm uma
tonelada de porcaria de Papais Noéis pretos, mas tudo bem. São meus pais. Eu
sou totalmente obcecado por uma enciclopédia on-line e por isso deixo de atender
o telefone quando meus amigos ligam, ou mesmo minha namorada. Tudo bem
também. Eu sou assim. Você gosta de mim do jeito que eu sou. E eu de você. Você
é engraçado, inteligente e pode até chegar atrasado, mas sempre chega.

— Você não está preocupada com o… para sempre?
— O para sempre é composto de agoras



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