Aparecera como um bicho, entocara-se como
um bicho, mas criara raízes, estava plantado.
Engano. A sina dele era correr mundo,
andar para cima e para baixo, a toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado
pela seca. Achava-se ali de passagem, era hospede. Sim senhor, hospede que
demorava demais, tomava amizade a casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao
juazeiro que os tinha abrigado uma noite.
Fabiano dava-se bem com a ignorância.
Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha.
- Esta ai.
Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria
aprender mais, e nunca ficaria satisfeito.
Seu Tomas da bolandeira falava bem,
estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice um homem remediado ser cortes. Ate
o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele.
Não queria morrer. Ainda tencionava correr
mundo, ver terras, conhecer gente importante (...). Era uma sorte ruim, mas
desejava brigar com ela, sentir-se com forca para brigar com ela e vence-la.
Havia muitas coisas. Ele não podia
explica-las, mas havia.
Agora Fabiano conseguia arranjar as
ideias. O que o segurava era a família.
Mas iam vivendo, na graça de Deus, o patrão
confiava neles - e eram quase felizes. Só faltava uma cama.
Aquele homem era assim mesmo, tinha o coração perto da
goela.
O único vivente que o compreendia era a
mulher. Nem
precisava falar : bastavam os gestos.
Recordou-se de lutas antigas, em danças com fêmea e cachaça.
Uma vez, de lambedeira em punho, espalhara
a negrada. Ai
Sinha Vitoria começara a gostar dele.
Sempre fora reimoso.
Iria esfriando com a idade? Quantos anos
teria? Ignorava, mas
certamente envelhecia e fraquejava. Se possuísse espelhos,
veria rugas e cabelos brancos. Arruinado,
um caco. Não
sentira a transformação, mas estava-se
acabando.
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